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Irmã Inês Cândida cresceu no interior de São Paulo, em uma cidade chamada Iepê, que significa Liberdade em Tupi Guarani. Frequentava a igreja com a família e aos sete anos de idade fez a primeira eucaristia. “Desde criança, eu ouvia o chamado de Deus”, diz. Quando terminava de ajudar a mãe com os afazeres domésticos, pedia para ir à Igreja. Gostava de ficar lá. “Aos 12 anos eu já tinha a certeza de que queria me entregar a Ele”. 

Uma irmã de seu pai era Filha da Caridade e, aos 14 anos, Inês escreveu para ela dizendo que também queria ser Irmã de Caridade. A tia a orientou a ir até Paraguaçu Paulista, a cidade mais próxima onde havia uma comunidade das Filhas da Caridade, para que se apresentasse à Irmã Superiora. A Irmã disse que ela deveria escrever uma carta para a Visitadora e assim a jovem o fez.  Oito dias depois, a resposta chegou pelo correio. “Fiquei muito feliz com a resposta da Irmã Mère Blanchot, então Visitadora à época”, diz Irmã Inês. Ela deveria ir para a Casa Central, no então Estado da Guanabara, acompanhada pelas Irmãs de Paraguaçu, mas só poderia ingressar na Companhia aos 18 anos de idade.

Estudou no Educandário S. Cornélio, no Catete, e depois no Juvenato da Ir. Tourinho até completar a maioridade. No dia em que fez 18 anos, foi convidada para fazer o postulado na cidade serrana de Nogueira, no Sanatório Infantil São Miguel. Em 2 de julho de 1961, Irmã Inês entrou para o Seminário, no mesmo dia que as Irmãs Irene Marcon e Elza Lima.  “Tenho lembranças muito boas daquela época. Especialmente da capela. Era lá onde nos refazíamos e ganhávamos ainda mais forças para seguir em frente”, afirma.

Irmã Inês cursou enfermagem no Hospital Casa Providência, em Petrópolis, e durante anos trabalhou na área da saúde. Alguns dos momentos mais marcantes de sua vida consagrada aconteceram lá, no acolhimento às mães que iam dar à luz. “Eu gostava de ficar ali e dar força para elas. Muitas vinham de realidades bem difíceis. E havia também muitas crianças que eram abandonadas pelos pais na pediatria”, lembra.

No Hospital São Vicente de Paulo, Irmã Inês trabalhou por 22 anos. Sua trajetória conta ainda com passagens pela Fundação Romão de Mattos Duarte e pelo Centro Social Nossa Senhora das Graças, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Foi enviada a Paraibuna, em São Paulo, onde ficou por quatro anos em um projeto com crianças carentes de 6 a 14 anos de idade. Voltou para o Rio de Janeiro, para trabalhar no Seminário e outra vez no Hospital Casa Providência. De volta à Cúria, ficou responsável pelo Santuário de Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa. Trabalhou na Casa da Criança de Assis, em São Paulo, e desde 2018 serve aos pobres na Casa da Criança Lar São José, em São João de Meriti (RJ).

“Tenho uma gratidão eterna a Deus por ter me chamado, mostrado o caminho, me conduzido até aqui. Canto com o salmista: ‘a ternura e a fidelidade de Deus me acompanham todos os dias da minha vida’”, diz Irmã Inês. “Gosto também de dizer como São Paulo: ‘Sei em quem coloquei a minha confiança’”.

Sua tia, Irmã Eva Benedita da Silva, tem 92 anos de idade e vive na cidade de Curvelo, em Minas Gerais. Está acamada e sem consciência. “Até antes da pandemia eu a visitava regularmente, segurava na mão dela e falava o nome de várias pessoas da nossa família. Ela dava sinais de que estava entendendo e participando”, diz Irmã Inês com um olhar cheio de gratidão pela responsável por lhe abrir os caminhos para que se tornasse uma Filha da Caridade.

“Minha gratidão também a Maria, nossa Mãe, pela sua presença no dia em que nasci, no dia do meu Batizado, no dia da minha entrada na Companhia e por ser minha companheira fiel em todos os momentos da minha vida. Gratidão aos meus pais, por terem me conduzido com amor e na fé e me ajudado a cultivar valores para toda a vida”, afirma.  “Na medida em que fui amadurecendo na vocação, senti que a minha resposta devia ser uma busca constante de fazer a vontade de Deus, mesmo nos momentos mais difíceis. O resultado é uma paz e alegria profundas, que valem a pena serem vividas intensamente. O que alegra a minha vida ou a nossa vida de consagrada é o encontro diário com Cristo na oração, eucaristia, vida fraterna, e na missão de servir aos pobres. Gratidão a todas às Irmãs com quem tive oportunidade de conviver e a todas que me ajudaram a dar sempre mais um passo no crescimento da Vida Interior e na maturidade humana. A Deus toda glória por esses 60 anos vividos Nele, com Ele e por Ele”.